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sexta-feira, 14 de dezembro de 2007

Quando a chuva passar, quando o tempo abrir...

Num dia assim, de chuva, a vida se mostra frágil.
Guardo a imagem de um homem aguado, comendo sentado no chão molhado.
A água desce pelas ruas, mexe no lixo da cidade, levanta sujeIRAS e dessas faz lama.
O sentimento ruim das ruas escuras entra em nossas casas agarrado nas solas dos sapatos molhados.
É uma época que cheira mofado, todo mundo meio guardado.
Nos últimos dias de sol, agressividades e grosseirias se evaporavam com o suor dos corpos molhados.
Tudo se resumia a piscinas e rimas, talvez algumas meninas.
O sol mudou o estado de quem se esqueceu que tinha um coração alado.
Até o perigo arrancava sorrisos desmemoriados.
O ciclo da água não falha.
Os sentimentos que evaporaram condensaram e agora escorrem como gotas de chuva nas janelas de quartos abafados que, por mais que sejam amplos, continuam apertados.
A chuva tem um gosto amargo e eu que sou solar de tão estrelar sinto a mudança do tempo se aproximar a medida que essa estação está a passar.
São os estados. Os estados da água. Os estados de quem estava.
A água corre pelas ruas, em cada esquina acumula palavras caídas, algumas mal resolvidas, que por serem pesadas não seguem as mesmas vias daquelas que são esguias.
Palavras sem canção, dessas que não musicalizam o coração.
A correnteza empurra cada uma delas e antes que caiam nos bueiros soltam o som do seu refrão e de alguma forma atingem o coração.
São as estações. E eu não me acostumo com os palavrões desses tantos refrões.
Quando o som da chuva cessar e a cidade parar de gritar, as nuvens vão se dissipar e eu voltarei a ver a estrela do dia brilhar, assim meus ouvidos vão poder descansar para que tudo volte ao estado de um novo (en) cantar.

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