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domingo, 9 de outubro de 2011

Gazel da Fuga



Perdi-me muitas vezes pelo mar,
o ouvido cheio de flores recém cortadas,
a língua cheia de amor e de agonia.
Muitas vezes perdi-me pelo mar,
como me perco no coração de alguns meninos.
Não há noite em que, ao dar um beijo,
não sinta o sorriso das pessoas sem rosto,
nem há ninguém que, ao tocar um recém-nascido,
se esqueça das imóveis caveiras de cavalo.
Porque as rosas buscam na frente
uma dura paisagem de osso
e as mãos do homem não têm mais sentido
senão imitar as raízes sob a terra.


Como me perco no coração de alguns meninos,
perdi-me muitas vezes pelo mar.
Ignorante da água, vou buscando uma morte de luz que me consuma.
García Lorca

3 comentários:

  1. Escutei e lembrei de vc:
    "Vou ficar mais um pouquinho
    Para ver se eu aprendo alguma coisa nessa parte do caminho
    Martelo o tempo preu ficar mais pianinho
    Com as coisas que eu gosto e que nunca são efêmeras
    E que estão despetaladas, acabadas
    Sempre pedem um tipo de recomeço"

    Tudo de melhor, sempre!

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  2. Entre tantas fugas, navegamos os caminhos dos sentidos em gazel, nos perdemos nas ondas dos prezares, e deles entramos nas noites inesquecíveis, quando voltamos pela manhã é para buscar as rosas ou mesmo as duras imagens de osso

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